sábado, 4 de abril de 2009

Too reliable?

Predoe-me pelo post meio longo...

Pode-se apontar como defeito de alguém ser confiável demais?
Estava em meio às minhas lembranças e.... analisando... minha vida presente.
Quem é o Pedro?
Em meio a muitas coisas, a muitos problemas e neuras que eu tenho, eu sempre me senti firme sobre ser um cara extremamente confiável, em todos os sentidos.
Se falo que vou fazer algo, faço. Promessa é dívida.
Se me ligar às 4 da manhã pra falar que teve um dia ruim, vou escutar.
Se digo que vou, vou (se REALMENTE dizer que vou).
Seria "O Pedro é um cara que sempre vai estar lá pra você..."

Não que eu seja um santo, inocente ou caridoso.
Mas acho que nesses aspectos eu sempre posso ser confiado.

Agora, será que sempre é bom?
Eu sempre estou ali... sempre vai me achar online no msn e disponível para falar sobre qualquer coisa.
Assim como você sabe que segunda vem depois de domingo, e sua rotina se repete.
O que é estável se torna previsível.
Então de confiável, copo cheio, posso ser visto como alguém previsível, copo vazio.

Uma vez perguntei pra minha ex se eu fui um bom namorado, se fiz algo de errado pra ela, etc...
Ela respondeu que fui. Talvez bom demais...
Eu nunca tive coragem de perguntar o que ela quis dizer com isso. Bom demais?
Não era ciumento, não era obsessivo, era constantemente carinhoso, sempre tentava agradar e melhorar pra ela.
Estável e previsível. Faltou emoção, no sentido vulgar da palavra?
Bom demais, confiável demais. Chato e cansativo?

Noto também que várias vezes eu já atraí atenção das pessoas quando agi como se não me importasse com elas. Até entendo que o ar combine comigo, mas não entendo afastá-las quando descobrem minha natureza "confiável".
Eu não tenho problemas em ser visto com defeitos. Obviamente não gosto, mas é normal não agradar todos.
O que me quebra a cabeça é entender como que uma coisa que, por senso comum, era pra ser uma qualidade, se torna um defeito tão massante.
Se é que realmente isso acontece.

Não que alguém efetivamente me diria "você precisa ser menos confiável". Justamente, isso não faria sentido, mas acho que essa impressão ocorre.
Talvez se você pensar nas pessoas que você mais gosta e mais gostou, perceba que elas não te passavam total estabilidade. Sempre havia uma incerteza do que estava acontecendo, e isso dá um aperto que, de forma naturalmente sádica, complementa a admiração por ela, e se desenvolve a medida em que sua relação com ela, independetemente do gênero, se concretiza.
Mas, se desde o início você enxerga claramente as intenções dessa pessoa, mesmo sendo boas, você não sente essa incerteza que fomenta o desenvolvimento da relação. Aquilo é aquilo e o que você sente é o que você sente.

Ou eu só achei uma neurose nova para brincar, em um péssimo momento.
Além do que, de que adianta ser tão confiável para os outros se não consigo confiar em mim mesmo?
Talvez essa seja a merda. Estou fazendo o processo ao contrário.
As pessoas procuram outras pessoas que sejam confiantes, e depois desejam que elas sejam confiáveis.
Se você já me encontra sendo confiável... Talvez não me pareça confiante.
Porque delego toda minha confiança aos outros, não a mim.
E isso também me torna dependente.

Transferência de confiança? Será possível?
Até faria sentido, pelas minhas atitudes gerais.
Mas ainda não acho que deveria ser um defeito tão aversivo.
Mas é parte da natureza humana. É como se a esfinge desse passagem sem fazer nenhuma pergunta, mas ainda por cima indicando o caminho.
Nos bosques da vida, eu sou um jardim descampado.
Etc e tal...

Em meio a isso tudo ainda fico pensando sobre relaxar mais, refletir menos sobre tudo, deixar as coisas correrem com mais simplicidade.
Daí então Emile Zola me joga essa:
"Quanto mais alguém for banal, mais será admirado e compreendido".
Coisa que eu sempre achei, de fato, mas estava tentado me desvincular desse tipo de pensamento. Daí eu volto para o conflito de "não ser banal ou ser admirado e compreendido?"
O que é dificílmo hoje em dia, em que banalidade é extremamente relativa. Normal é ser diferente, e o que importa é ser feliz.
Na minha lógica, tudo acaba sendo banalidade. Num mundo em que cada um é um número diferente, eu quero ser uma letra. Quando a letra for introduzida no mundo, vou querer ser uma cor.
Mas querer não adianta nada. E se eu me tornar, serei visivelmente diferente, e num mundo em que todos querem ser diferentes... serei banal?

Ou, de novo, eu só sou neurótico e do contra demais, e esse é essencialmente meu único problema que gera uma bola de neve sobre outras coisas.
....
Mas ainda sobrou a afirmação do namorado "bom demais".
Pra que eu fico lembrando dessas coisas, afinal...?

2 comentários:

Anônimo disse...

Só digo uma coisa pra vc....
Nao me faça escolher lados....
bjos

ps: bom demais = trouxa

lidi disse...

trouxa soa pejorativo, e não foi isso que eu quis dizer, anônimo.
leve o "bom demais" no sentido literal. me agradava demais, fazia muito por mim. e isso me cansa. talvez não canse outras pessoas, mas não era o meu caso. só isso.